Era uma vez, não havia tempo a perder, e a floresta não era encantada. Então já se sabia que quem entrava não saia. Daí o Curupira fingia e voltava-se aos livros. Então apareceu a bolsa do Mamangava cheia deles. Censurava ler Crusoé, Sutta Pitaka, O Milhão, e outras histórias. Para onde os levava? Para a fogueira. Souberam que os personagens saltavam da prateleira para a mata. Era perigoso viver no quieto com tanta barulheira, ele que foi pego, reclamou: não sei que fazer com tantos pensamentos soltos. O mestre, senhor da selva ensinou.
“Não conte para ninguém, você pode ser perseguido a perder o emprego. A vida, ser posto no fundo do gheto e ser morto.”
O bicho se queimava por dentro e fora.
“Pobre bígato, taturana de coração despedaçado”
É assim, claro, às escondidas, o Curupira ensinou a paciência. É pouco a pouco seus discípulos se metamorfosearam. Criaram asas, voaram.
E às escondidas ele, Curupira, mantinha no fundo escuro distante, a sua biblioteca.
Se faz de tolo. Pés virado para o leste.